terça-feira, novembro 28, 2006

Uma Noite

Humm, a chuva bate forte na janela, oiço o vento a passar por debaixo da porta trazendo-me palavras gritadas por alguém, os estalos dados pela madeira a queimar no refúgio do gato que dorme a um canto, já sinto o cheiro do refogado que quase se queima, à espera de uma mexidela com a colher de pau. Sinto-me perdido pelos sentidos que tentam encontrar todos os pormenores desta noite chuvosa e fria que me aconchega o pensamento, levando-me o tempo em memórias passadas. Nada faz sentido no que me vai pela cabeça, mas numa noite destas, o que é que fará sentido não é verdade?

quarta-feira, novembro 15, 2006

Lisboa

Sentado ao lado de Camões, sentindo a bruma da noite, as luzes escondidas mais parecendo pirilampos esvoaçando ao toque de um cravo. Lisboa, bela Lisboa, os anos passaram, eras de prosperidade e de sacrifício também, olhos cegos...ouvidos moucos, o que viste, o que vês, as histórias que poderias contar, as cantigas de amor, as flores oferecidas, o som do toque de caixa cadenciando a marcha dos pelotões caminhando para a morte.
Passadas aceleradas, pesadas pelo cansaço do dia a dia, ritmos de vida, uma vida tão rápida que corre em frente dos meus olhos, olhares dispersos, acordados ao som da flauta que toca por detrás de mim, envolvendo-me, tranquilizando-me, levando-me para tempos antigos, passados como a água que corre no riacho, levando consigo memórias, recordações...da bela Lisboa!

sexta-feira, novembro 10, 2006

A alegria de te conhecer!

Alegro-me por te ter conhecido e entristeço-me também;
sinto-me grato perante os céus por ter tido o prazer da tua companhia mesmo por pouco tempo que tenha sido, a tua beleza de anjo, a tua delicadeza, o teu toque suave de carmesim, tocaram-me profundamente no coração, deixando nele marcas, das quais jamais ficarei sarado.
A incerteza do amanhã, dá-me arrepios, mas adoça-me a mente, com um conflito eterno, se será ou não será, se terei ou deixarei de ter, mas no entanto quando penso no pouco que tenho, que já é maravilhoso, não me interessa saber se o terei por muito mais tempo, bastando-me saber aproveitá-lo ao máximo agora e dar-lhe o seu devido valor!

quarta-feira, novembro 08, 2006

Um Acordar

Quando acordamos, é como se nascêssemos novamente,
Com a diferença das recordações guardadas no coração,
Onde a alegria e a tristeza se encontram e se confrontam,
Criando instabilidade e por sua vez medos,
Medos esses que interagem constantemente com as nossas emoções,
Obrigando-nos a hesitar face a novos desafios.......!

Um luar no Planalto!

Eram noites gélidas
Aquelas que aqui se sentiam
No alto destes penedos
Onde as estrelas luziam;

Por entre aquele imenso ramal
Via-se a lua bem lá no alto
Na sua imensa plenitude celestial
Como se estivesse a zelar por este planalto;

Lá em baixo, bem ao longe
Viam-se as luzes das casas,
O fogo das imensas fogueiras, onde o monge...
Rodeado pelo povo, agradecia todas aquelas coisas;

Coisas belas que a vida oferece,
A amizade, o amor que traz felicidade
Mas por vezes também nos entristece
Mas como sabemos, tudo isto faz parte da realidade;

Um beijo, um abraço
Um adeus, uma lágrima que cai
Cristalina, translúcida deixando traço
Um rasto de amor e tristeza que recai;

Uma brisa cheia de saudade
Reconfortantes desígnios transporta
Um desejo, uma saudade
Uma carta remota que nos vem bater à porta;

Duas almas ligadas por um sentimento
Um pesar na saudade
Um olhar num movimento
Uma dor infinita sem idade;

Zeladora da noite
Majestosa no seu reino
Lua, uma face brilhante
Um anjo da noite no seu trono.

Um sonho de Ilusão!

Uma vez sonhei com alguém, um vulto no paraíso, no éden da minha consciência, e é certo e sabido que o homem tem cinco sentidos, o tacto, a audição, o olfacto, o paladar e principalmente a visão, mas poucos eram aqueles que funcionavam.
A audição permitia-me ouvir a sua voz de sereia que me encantava o coração deixando de ter qualquer controlo sobre mim mesmo,o olfacto permitia-me sentir um aroma perfumado a rosas, com o tacto sentia a sua pele macia, de uma suavidade de seda, tão macia e aveludada, o paladar...,o doce meloso dos teus lábios rosados, carnudos, a maior tentação para a minha boca, que a cada momento que passava ansiava por a beijar profundamente, ligando-nos aos dois como se fossemos uma só alma neste universo tão belo.
Tudo isto me despertava uma vontade interior tão intensa de saber
quem ela seria, questionando-me repetidamente...será um Anjo?...uma Sereia?...uma Deusa? Por mais que tentasse descobrir, não o conseguia, a minha vista via uma imagem turva pelo tempo e pelo espaço, mas ela mantia-se inerte à minha frente, até ao momento em que vi algo a brilhar, duas estrelas lindas, hipnotizantes, eram os seus belos olhos esverdeados que nem duas esmeraldas, depois um louro brilhante, tão belo e sensual, uns lábios rosados e tentadores, o meu coração explodia com tamanha revelação, e ao vê-la em total plenitude, uma paixão apoderou-se do meu coração,
desejando que fosse real e não um sonho, que ficasse na minha vida para toda a eternidade, e se fosse um sonho, então que eu não acordasse mais na minha vida!

sexta-feira, novembro 03, 2006

Saudade

Saudade, água que corre pela alma
trespassando o coração como um flagelo
vertendo lágrimas de dor e sangue
rosado como as pétalas da minha rosa
rosa esta que guardo no jardim do meu coração.
Jardim florido como o arco-íris,
cheio de cores e boas recordações,
recordações boas e más,
coisas da vida como se diz.
Uma brisa que corre, que nos beija o rosto
um adeus que fica, por alguém que vai,
para longe ou perto, isso não importa,
a saudade fica mas a mente vai,
divagando no que foi, imaginando o que será
uma vida nova, um conto que se conta...

quarta-feira, novembro 01, 2006

Os Senhores da Quinta

Senhores, vós que vos encontrais alto, ou pelo menos assim pensais, falando por detrás do púlpito, ditando regras e mais regras, estabelecendo modos de vida, descurando por completo onde mexeis, desconhecendo regras e filosofias, destruindo enquanto constroem, sempre certos de uma sapiência divinal, tão divinal que depois de posta em prática, é o que se vê, murmúrios ouvidos entre paredes, vozes vindas do nada contestando o que é feito e o que é pensado. Promessas feitas, festas acabadas, uma côdea de pão dada ao pobre na esperança de uma vida melhor, aqui se tira, ali se oferece, uma resma de papel cheia de escritos e afirmações, uma promeca de uma vida melhor com o custo dos sacrifícios de alguns, os alguns que são sempre os mesmos, espremendo até não poder sair mais, até chegar ao fundo do pipo, sem consequências ou rancores.